sexta-feira, 19 de abril de 2024

Maria - 1975

Maria surge em 9 de julho de 1975 por criação do cartunista e professor universitário paraibano, na época ainda estudante de arquitetura, Henrique Magalhães, sendo publicada diariamente ou em suplementos nos jornais de João Pessoa (PB) e região. Nesse período a obra é basicamente uma sátira de costumes, com piadas a respeito da busca por um marido de nossa personagem solteirona. Com o tempo o humor torna-se mais crítico, questionando passagens políticas e a própria situação do quadrinho nacional perante a invasão do material estrangeiro nas bancas.

Em 1984, Maria, que "vinha progressivamente transgredindo os limites da habitual crítica político-social que fazia nos quadrinhos diários", dá a sua grande virada. No álbum "A maior das subversões", a personagem assume sua paixão pela amiga Pombinha e passa a tratar das causas de gênero. Desde então, sempre com humor e delicadeza, Maria torna-se uma espécie de porta-voz das causas LGBTQIA+.

Maria teve várias revistas e álbuns editados, na maioria das vezes pela editora de Magalhães, a Marca de Fantasia.

Para saber mais sobre Maria clique aqui.

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Sobre o autorHenrique Paiva de Magalhães (João Pessoa, 17 de agosto de 1957) é professor da Universidade Federal da Paraíba, doutor em Sociologia pela Universidade Paris VII, desenhista, editor e pesquisador de história em quadrinhos brasileiro. Nascido em João Pessoa, Paraíba, em 17 de agosto de 1957, Henrique é o primeiro de seis filhos de Ulrico José de Magalhães e de Maria Darcy Paiva de Magalhães.

Em 1975, criou a personagem de quadrinhos Maria, que tinha caráter político e contestador. Também começou a desenvolver diversos fanzines. Em 1983, formou-se em 

Comunicação Social na Universidade Federal da Paraíba, entre 1985 e 1988, publicou o fanzine Marca de Fantasia, ainda na década de 1980, coordenou o suplemento "Leve Metal" da revista "Presença Literária", com trabalhos de quadrinista paraibanos, em 1990, criou a Gibiteca Henfil, como parte do projeto de extensão do Departamento de Comunicação da UFPB, no mesmo ano apresentou a tese de mestrado Os fanzines de histórias em quadrinhos: o espaço crítico dos quadrinhos brasileiros na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em 1993, parte da tese foi publicada no livro O que é fanzine, parte da coleção Primeiros Passos. Em 1995, fundou a editora Marca de Fantasia com a intenção de publicar quadrinhos e livros teóricos sobre o tema. 

Em 1996, apresentou a tese de doutorado Bande Dessinée: rénovation culturelle et presse alternative na Universidade Paris VII, na França.

Em 2010, ganhou o Prêmio Ângelo Agostini na categoria "Mestre do quadrinho nacional".

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Joseph Abourbih (editora Noblet) - Entrevista - 1992

Entrevista realizada em 03/09/1992 pelo jornalista Worney Almeida de Souza (WAZ) com Joseph Abourbih, então dono da editora Noblet. 

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WAZ - Seu Joseph, eu queria que o senhor me falasse como é que começou a editora? 

Joseph Abourbih - A editora eu comecei para lançar livros para livraria. Então fiz dois ou três, mas a venda era muito difícil, muito complicada, por isso passei direitinho para a história em quadrinhos. 

WAZ - Você começou com aquele livro, era o Conde de Monte Cristo, né? Pequenininho assim? Era um pocket, né? 

Joseph Abourbih - Não, não. Era grande. Era um livro para livraria. Só que eu fiz isso e sofri tanto que eu percebi que nesse negócio precisa cerca de 50 mil títulos para que a livraria te pegue. Me dá um desse, dois desse, três desse... Era preciso fazer um múltiplo de despesa para vender dois ou três livros de vez em quando para cada livraria. É um ramo muito difícil, em princípio. 

WAZ - Em que ano foi isso, Joseph? 

Joseph Abourbih - 1972... 72? Não, 68, 1968, sim! Bom, depois, como eu estava na França e conhecia gente da produtora do Akim, eles me deram o direito de publicar isso. Eu publiquei, só que eu parei agora (em 1991) porque não vendia mais, não sei porquê. Não vendia mais. Eu vendia muito pouco, não justifica. E depois bolamos um atrás do outro. Hoje estou com 12 publicações. 6 ou 7 livros infantis. E... 6 semanais agora, 2 edições, a primeira, depois a segunda, quer dizer o lançamento e depois o relançamento a partir do número 1. O caso da publicação não é difícil, mas é um problema que depende de muito trabalho, muito trabalhoso, muito demais trabalhoso. 

WAZ - Eu lembro que em 1974, me lembro que o senhor trabalhava com o Paulo Hamasaki!

Joseph Abourbih - Ah, todos eles. Paulo Hamasaki, Gilberto Firmino (falecido em abril de 2024), Tony Fernandes, Wanderley Felipe. Todos eles aprenderam aqui, mas... Eles saíram lá, trabalhando, eu estou muito satisfeito por eles. Muito satisfeito por eles.

WAZ - É que ele me mostrou no começo de 1975, o senhor publicava aquele Espoleta, né? 

Joseph Abourbih - O Espoleta, é!

WAZ - Mas era colorido, né? Como era isso?

Joseph Abourbih - Sabe, é triste, o problema é que você vai na cegueira, você vai lá, entra, faz uma publicação. Tira 30 mil, 40 mil, uns 5 mil ou mais. Você, quando você sabe que ela vai, precisa chegar no número 4. Para que a gente feche o número 1, precisa de 4 meses. Até, então, 3, 4 publicações que custam uma nota cada uma para viver ou morrer. Então, o problema é que a gente faça de um jeito diferente. 

WAZ - E qual que é a média de tiragem que o senhor tem atualmente? 

Joseph Abourbih - Bom, agora entre 20 e 35 mil. 

WAZ - O senhor já teve tiragens maiores? 

Joseph Abourbih - Sabe, o negócio de tiragem é muito relativo. A tiragem de uma revista depende de quanto você quer gastar. Vou te contar como eu entrei na editora Abril, que eles quando começaram pra vender as próprias revistas, não acertavam nem bem distribuir as revistas deles. Fizeram o primeiro e até agora são eles. Eles souberam que eu tinha esse famoso Akim, e fui lá nessa temporada, trabalhava com a Chinaglia, e me pedia de cada vez que lançava, me pediam 22 mil, o senhor me manda 20, o senhor me manda 18, o senhor me manda 12, o senhor me manda 16, o senhor me manda 14 mil, aqui vemos o modelo. Então fui na editora Abril, na distribuidora Abril, e conversei com eles. Ah, senhor Joseph, nós estamos interessados em lançar sua revista. É verdade, é verdade. Só que nós precisamos de 60 mil exemplares. Eu falei para eles, vocês querem mandar à falência direitinho. Porque de 15 mil, você quer 60? Ah! Não se preocupa, senhor Joseph. Faça 60 mil. Minha gráfica que é onde eu imprimo não tem condição de fazer 60 mil exemplares. E eu em parte não tive medo, e de fato fiz 60 mil, o mesmo número venderam 38 mil, só dos 60 mil, só que estava em... no meu escritório, a editora, ela me encontrou lá, um escritório igual a esse. Então, me entusiasmei, 38 mil exemplares, nesse tempo lá, anos 1970, muito, muito, muito dinheiro e muito interessante também. E daí começamos!

WAZ - Mas que época foi isso? 

Joseph Abourbih - Em que saiu? Quanto tempo? Mais ou menos, assim... 1975... Entende? E de fato, eles me imprimiram 60 mil, eles mesmos fizeram a revisão, imprimiram 60 mil exemplares e conseguiram me vender 38 mil, o que era, nesta temporada, um sucesso enorme. E de lá, larguei a Chinaglia. Deve ser em 1972... Até agora só com a editora, a distribuidora Dinap.

WAZ - O senhor tem os títulos infantis, assim, de atividade infantil. 

Joseph Abourbih - Tem cinco!

WAZ - Tem eles há muitos anos, né? 

Joseph Abourbih - Certo.

WAZ - Então eles têm uma... a numeração deles é bem antiga, assim. 

Joseph Abourbih - É antiga, sim. 

WAZ - Então, o senhor acha que tem... o pessoal gosta muito do material assim? 

Joseph Abourbih - Sabe como é? No total, a gente tem lá o mais importante. Bom, eu faço cinco tipos diferentes de publicações. E o infantil tem mais saída em geral, mas só que eu faço várias coisas. Tem Prezinho, tem Para Colorir, tem Luz e Cores, tem Magia das Cores, tem Festinha. Jardim da Infância, seis ou sete desse tipo de revista a gente lança mensalmente e então a gente se mantém, não sei se dá lucro ou prejuízo, mas não fica milionário com isso. 

WAZ - E o senhor começou... primeiro o senhor falou que trabalhava só com livros, né? 

Joseph Abourbih - Comecei com livros, livros para livraria. 

WAZ - E depois com quadrinhos, qual foi a primeira revista em quadrinhos? 

Joseph Abourbih - Foi Akim (1971). 

WAZ - O Akim mesmo? 

Joseph Abourbih - Akim, aliás, ele parou também na França. Os franceses pararam. Eu tinha a condição de continuar ainda por algum tempo, mais 12 ou 14 meses, mas eu julguei mais fácil. Pararam, pararam. Não adianta começar e depois ver se vende ou não.

WAZ - O senhor lançou algumas revistas assim bem interessantes, tipo a Vampirella, o senhor lançou. Como é que era aquele tempo? 

Joseph Abourbih - Nessa temporada, comprei os direitos da América do Norte, era a temporada desse tipo de material, se vendia mais ou menos bem. Tentei, acho o número 2, o 3, o 4, e depois parei porque não dá. Tem outra também, não me lembro o nome, tipo crime, tudo isso que chamavam lá. Tipo jornal, a metade do tamanho. 

WAZ - Ah, eu me lembro. Mas aquele era... é, isso eu me lembro. Era vermelho e preto, né?

Joseph Abourbih - Vermelho e preto.

WAZ - É, me lembro. 

Joseph Abourbih - Essa lá. Não me lembro nem bem o nome (Policia Magazine). 

WAZ - Esse material todo era produção externa, assim? Quer dizer, o pessoal... Os estúdios produziam e vendiam pro senhor? Porque o Paulo Hamasaki, por exemplo, ele trabalhou muitos anos aqui, né? 

Joseph Abourbih - Ele aprendeu aqui. Paulo Hamasaki, que eu gosto muito dele, é um rapaz sério, trabalhador. E... aprendeu aqui mesmo. Agora ele está lá, pertinho. Não sei se você sabe onde é. 

WAZ - É, tem uma editora, ele montou a editora dele, né? 

Joseph Abourbih - Montou a editora dele, certamente. 

WAZ - E o Sexyman, como é que começou?

Joseph Abourbih - Sexyman é uma revista que eu tirei da França. Comecei brincando e continuou. 

WAZ - Na França o tamanho original é esse mesmo?

Joseph Abourbih - É!

WAZ - E lá pelo número 24 começou o material nacional, né? 

Joseph Abourbih - Fiz alguma coisa de material nacional porque eles pararam. E agora tem material nacional. Tem material nacional e compro alguns direitos italianos.

WAZ - Mas 90% é nacional, né?

Joseph Abourbih - 90 não diria, mas 70%, de vez em quando é italiano!

WAZ - E essa ideia de fazer segunda edição, os leitores pedem assim? 

Joseph Abourbih - Pedem um pouquinho e depois quando a revista está lá, ao invés de aumentar a tiragem, prefiro fazer duas, para começar a partir do número um. 

WAZ - O pessoal é receptivo assim? Porque também tem colecionador, né? O pessoal coleciona. 

Joseph Abourbih - Sim, perde uma e encontra.

WAZ - E o material de contos? 

Joseph Abourbih - Esse material é produzido nacional. Recebemos algumas coisas do francês também, da França. 

WAZ - E quem que faz? Tem algum? 

Joseph Abourbih - Tem, cinco ou seis contistas fazem na sua casa.

WAZ - Dá para o senhor falar assim alguns? Os mais frequentes assim?

Joseph Abourbih - Tem Caio Concílio, Júlio Gomes, Paulo Monsalva, Luiz Antonio Aguiar, Júlio Emílio Braz. Esses lá. 

WAZ - O senhor encomenda... O senhor encomenda os contos, o pessoal produz... 

Joseph Abourbih - Sim.

WAZ - E aí o senhor faz a diagramação e a montagem das revistas aqui mesmo? 

Joseph Abourbih - Tudo isso é...

WAZ - E esse... o senhor lançou faz, eu acho, há uns 4 anos, né? O sistema de assinaturas, né? Como é que é? Do Sexyman, do Akim, o senhor tinha assinatura. 

Joseph Abourbih - Certo, certo. 

WAZ - E como é que é? Foi boa ideia? É bom pra divulgação? 

Joseph Abourbih - Sabe, eu vou te confessar uma coisa certa. Porque a gente, eu pessoalmente... Eu pessoalmente tenho 12 publicações e as 12 publicações tem uma que dá num mês, outra que não dá outro mês. E a luta é assim que é, para chegar nisso. 

WAZ - Mas o senhor acha que o sistema de assinatura assim é interessante?

Joseph Abourbih - Eu não sei, eu não sei. Eles pagam, digamos, pela assinatura toda 25 mil cruzeiros. Eu calculo que o selo custa 200 cruzeiros. E você paga no décimo mês 2500 cruzeiros, o preço da revista com os selos. Você envia todas essas revistas com um número só que a gente manda. 

WAZ - Interessante. E a gráfica? Você tem a gráfica desde quando começou a editora ou a gráfica é anterior? 

Joseph Abourbih - Eu sofria muito com as gráficas. Então a gente fazia OK. Mandava, dava, fazia tudo pela gráfica. Depois percebi que onde eles têm muito problema é no acabamento. A dobra, o refile, o grampear e tudo isso. Resolvi fazer só o acabamento. Peguei uma dúzia de moças lá embaixo, mandava imprimir fora, cortava, preparava a revista aqui. Depois, comprei uma máquina, duas máquinas. Até quatro ou cinco máquinas. Até que fiz isso aí. 

WAZ - Em quanto tempo o senhor montou a gráfica?

Joseph Abourbih -  15, 18 anos. 

WAZ - E então a editora sempre foi aqui na (rua) Almeida Torres? 

Joseph Abourbih - Estava no centro. Na Praça da República. Depois transferi aqui. Tinha um pequeno lugar, não sei quando. Depois passei... Tinha um pequeno lugar lá embaixo. Depois fiquei com tudo isso. Porque eu dono lá foi embora. Aquele que estava aí também não quis ficar, foi embora.

WAZ - E o seu produz também pra terceiros, né?

Joseph Abourbih - Dificilmente, porque eu... Eu prefiro trabalhar para mim. Claro, de vez em quando eu encontro um amigo sério, correto, que paga direito, eu faço, claro. Mas não sou obrigado, não estou esperando um serviço do terceiros.

WAZ - O senhor lançou agora uma revista, a Luz e Cores, é o mais recente lançamento, né? Como está indo a revista? É infantil?

Joseph Abourbih - É infantil, tipo Para Colorir. E tem uma outra, a Magia das Cores, é outra lá. Mas tem três para colorir. A criança pega o lápis e colore!

WAZ - E quem está produzindo?

Joseph Abourbih - Cada desenhista me faz uma. É um ponto de vista diferente.

WAZ - Quem são eles?

Joseph Abourbih - (Sergio) Militélo, não sei se você conhece, Adriana e a terceira é uma moça também, Tina...

WAZ - E as capas, agora o senhor está produzindo capas com fotos, a Sexyman por exemplo, o senhor acha que atrai mais o leitor as fotos do que a ilustração?

Joseph Abourbih - Não, eu fui obrigado porque o grande problema são os desenhistas, que são difíceis de encontrar, então a gente tem a obrigação de usar esse tipo de desenho para as capas. Eu percebi que eu não tinha mais condições, aquele que desenhava isso me fazia uma capa que eu não gostava. E eu pensava em colocar um cromo (foto geralmente fornecida em formato de slides 35mm), que dava melhor aspecto. Atrai mais, acho que atrai não, atrai. O ramo inteiro é um ramo onde você chuta. Dá, dá, não dá, não dá! Claro que você se previne para não perder muito dinheiro também! Eu tenho mais de um milhão de exemplares aqui de devolução, um milhão!

WAZ - Mas aí o senhor trabalha com esse encalhe!

Joseph Abourbih - É muito difícil trabalhar com isso!

WAZ - Mas o senhor faz pacote de promoção?

Joseph Abourbih - Claro, se eu não faço isso vou à falência! Essa é uma ajuda para pagar parte do preço do papel, que hoje em dia vale uma nota. O papel normal hoje, o offset, você conhece, vale 5.500, 6.000 mil cruzeiros o quilo, e o cuchê vale 11.000, 12.000 cruzeiros o quilo.

WAZ - Quer dizer, aqui o senhor produz desde a diagramação da revista, o fotolito, sai tudo daqui.

Joseph Abourbih - Sai tudo.

WAZ - E o senhor distribui pela Dinap... Antes de montar a Noblet o senhor já mexia com material gráfico?

Joseph Abourbih - Eu trabalhei 20 anos em uma editora onde eu aprendi esse negócio.

WAZ - Que editora?

Joseph Abourbih - Na minha terra, o Egito. Eu fazia sete publicações semanais, fazia sete publicações toda semana. Entrava de manhã, 8 horas e saia 11 horas, meia-noite e a edição era sempre assim. E depois fiquei tão cansado que disse, eu vou sair, vender publicidade, eu não quero mais fazer isso, e de fato quando eu fui vender publicidade eu ganhava muito bem. E quando eu estava em Paris tinha lá um amigo que ele mexe com isso, e eu fui falar com ele. Me demiti lá, devagarinho, e cheguei aqui em São Paulo. 

WAZ - E no Egito o senhor fazia material em quadrinhos?

Joseph Abourbih - Não, não, nessa temporada no Egito não tinha história em quadrinhos, são revistas de atualidades, femininas. Montava sete revistas toda semana, entrava de manhã, sete e meia, oito, saia onze horas, mas aprendi todos os truques.

WAZ - E como chamavam as revistas?

Joseph Abourbih - Amimen (?), Omosaulo (?)... faz trinta anos!!!

WAZ - E depois do Egito o senhor foi pra Paris?

Joseph Abourbih - Fui terminar em Paris!

WAZ - Ficou muito tempo lá?

Joseph Abourbih - Não, vinha para cá, fiz um negócio que não era do ramo editorial, então perdi 40 mil dólares, fiquei tão chateado que deixei o dinheiro lá... meu último pagamento meu sócio me deu 2.800, suei para pegar. Não me deram nem 5.000 dólares, perdi tudo. Fiquei tão chateado que fui viver na França. E lá na França recomecei de novo! Mas também na França era isso!

WAZ - Em que época mais ou menos o senhor chegou na França?

Joseph Abourbih - De 1960 a 1967. 1968 já não estava mais lá...

WAZ - 1968 o senhor já estava no Brasil?

Joseph Abourbih - Eu cheguei no Brasil em 1958, me instalei, entrei em sociedade com um amigo meu, velho amigo meu. Mas não deu, as coisas ficaram mal que perdemos muito dinheiro. Fiquei tão chateado que não conseguia mais viver aqui mesmo, eu perdi tudo, fui na França e também perdi dinheiro. Falei: Puxa! O Brasil é mais fácil, eu vou voltar para o Brasil!

WAZ - O que o senhor acha do mercado agora? O senhor acha que ele tende a crescer?

Joseph Abourbih - Está em dificuldades. Tende a crescer normal, o que é mais grave é que você tem um mês bom, dois meses maus, um mês mau, dois meses bons... e a grande dificuldade é o dinheiro, que não entra fácil!

WAZ - Tá bom!

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Acima, registro da primeira entrada de Joseph no Brasil.

Joseph Abourbih (ou Youseph Bekhor Abourbih), nasceu em 14 de fevereiro de 1915, no Cairo, Egito. Chegou ao Brasil em 01 de julho de 1958 na condição de apátrida, vindo de Paris. Voltou para a França duas vezes entre 1960 e 1965. Retornou ao nosso país em 31 de julho desse mesmo ano, onde se estabeleceu definitivamente, fundou a editora Noblet em 1968 e onde veio a falecer em 07 de julho de 2010.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Zé Sujinho - 1970

Criado por Michele Iacocca (lê-se Miquéle) em dezembro de 1970, embora as primeiras histórias não fossem assinadas, para a revista O Carreteiro, Zé Sujinho (hoje chamado de Zé Carreteiro) é um motorista de caminhão mascote da publicação. Apresentado em divertidas páginas de quadrinhos, Zé Sujinho comentava as dificuldades e agruras da profissão, sempre com bom humor e criatividade.

No começo de sua trajetória Zé Sujinho se vestia de maneira desleixada, bebia e fumava. Com o tempo largou o cigarro, deixou de aparecer nas histórias bebendo e passou a se vestir melhor. Era sempre auxiliado por seu ajudante Jesuíno.

O Carreteiro fazia parte do núcleo de revistas técnicas da editora Abril, junto com outros títulos como a revista Plástico e a Química e Derivados, distribuídas gratuitamente aos interessados dos vários setores. No início dos anos 1980 a Abril se desfez de todos esses títulos, que passaram a ser editados por outras empresas. No caso de O Carreteiro a publicação seguiu pela G. G. Editora de Publicações Técnicas Ltda.

A G.G. continuou com o Zé Sujinho que tem mais de 40 anos de publicação contínua e chegou a ter uma publicação própria pela Abril com o título 1º Almanaque com as Melhores Histórias do Zé Sujinho.

Sobre Michele:

"Michele Iacocca é escritor, ilustrador, tradutor e roteirista. Considerado um dos principais e mais premiados autores e ilustradores do Brasil, Michele conta com mais de 150 livros publicados. 

Michele Iacocca nasceu na Itália e foi lá que deu início aos estudos de literatura clássica. Sempre se sentiu atraído por qualquer manifestação de arte, como cinema, teatro, literatura, desenho, pintura etc. Bem como pelo humor em geral.

Por volta dos vinte anos, depois de rodar um pouco pela Europa, decidiu conhecer o outro lado do mundo e acabou vindo para o Brasil. Chegando aqui, retomou seus estudos em artes plásticas na FAAP.

Durante alguns anos trabalhou em agências de publicidade e na editora Abril, sempre no departamento de arte.

Em 1973, publicou seu primeiro livro, chamado Eva (Ed. Massao Ono), premiado pela crítica e publicado também na Europa. Continuou durante muitos anos publicando charges, cartuns, tiras e ilustrações nos principais jornais e revistas do país, como Intervalo, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Veja, IstoÉ, Exame, Quatro Rodas, Playboy, Status, Versus, Ovelha Negra etc. E durante alguns anos fez o humor da última página da revista e das agendas Exame. Desenhou capas para a revista Veja, Vejinha, revistas técnicas e criou capas de livros para várias editoras. Fez trabalhos como freelancer para a GGK, DPZ, Lage e Magy, e participou da criação e dos desenhos da campanha de lançamento do fascículo “Como funciona” da editora Abril. Fez também calendários para a livraria Cultura.

Ainda fez o livro “Vacamundi” para a Merck e ganhou, com ele, o premio “Talento” do Clube de Criação. E o livro “Capitu e outras Evas” editado pela Melhoramentos, ganhou o prêmio HQ Mix. Ganhou várias vezes o prêmio Abril de ilustração e vinheta para a revista Quatro Rodas.

Criou personagens e histórias em quadrinhos para empresas como Albarus (Ourição), Eternit (Pituca), Chiclete Ploc (Angelina), Sandvik (Sandvikinho), Revista o Carreteiro (Zé Sujinho), Revista Oficina (Abílio).

E atualmente é o pai dos personagens “Bilu e Tetéia” do jornal para o sistema estadual de bibliotecas publicas “Espalha Fatos”.

Participou do projeto gráfico e fez as ilustrações do projeto “Raízes e Asas” junto com a Maria Alice Setubal e Marta Grosbaum pelo CENPEC.

Participou também do projeto “Amigos da escola” pela TV Globo e “Ofício do professor” pela fundação Victor Civita.

Nos anos 80 começou a ilustrar e escrever para crianças e adolescentes. Ilustrou livros dos mais importantes autores e também livros didáticos para grandes editoras.

Como autor tem livros publicados pelas editoras: Ática, Saraiva, Melhoramentos, Moderna, FTD, Positivo, Mercurio Jovem, SM, Global e Tribos. Entre autoria, co-autoria e ilustração, contabiliza mais de 200 livros publicados. Ganhou o pêmio, APCA de autor, ilustrador e tradutor com os livros: “O que fazer?”, “O Barulho da Chuva”, “O Diário Escondido da Serafina” e pelas traduções de Umberto Eco e Gianni Rodari e o original do Pinóquio de Carlo Collodi.

O livro “O que fazer?” também ganhou o prêmio “Altamente Recomendável” da FNLIJ e entrou na lista da própria FNLIJ dos 100 melhores livros infanto-juvenis de todos os tempos.

A “Galinha e a Sombra” também ganhou o prêmio “Altamente Recomendável” da FNLIJ.

Em 2006, publicou o livro sem palavras “As aventuras de Bambolina”, pela Ática. O livro, grande sucesso entre os pequenos leitores, recebeu o prêmio “Altamente recomendável” da FNLIJ e, adaptado para o teatro, recebeu o prêmio Mirian Muniz e 12 indicações ao prêmio Coca-cola, além da cotação máxima de todas as críticas.

Em 2008, veio “Rabisco — um cachorro perfeito”  também premiado pela FNLIJ (Altamente recomendável e Prêmio Luís Jardim — O Melhor Livro de Imagem da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil de 2009). Entrou na Lista de Honra do International Board on Books for Young People (IBBY), prêmio recebido em Santiago de Compostela. Este livro também virou peça de teatro e, assim como a Bambolina, ganhou o FUNARTE Mirian Muniz e 10 indicações ao premio Coca-Cola  e Alfa Criança para a montagem, e 4 indicações ao Prêmio FEMSA (ganhador do prêmio de melhor adaptação).

No ano seguinte, lançou um divertidíssimo livro de poemas para crianças: Vocês pensam que é fácil?

Em 2010 foi um dos convidados da FLIP.

Em 2012 publicou o livro “Nerina – A Ovelha Negra“. Este livro também ganhou 6 indicações ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem 2017 (melhor espetáculo, adaptação, direção, atriz, trilha e sustentabilidade).

Vencedor do 6º Prêmio Aplauso Brasil – Melhor Espetáculo Infantil pelo Júri Técnico

Indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem 2017 na categoria melhor atriz (Bia Rezende)

APCA 2017 para Fernanda Maia pela Direção Musical e para Marisa Bentivegna pela Iluminação

Premiado com o ProAC de montagem infantil e Alfa Criança.

Recomendado pelo crítico Dib Carneiro Neto (Revista Crescer e site Pecinha é a Vovozinha), Guia do Estadão, Revista da Folha e Rede Globo.

Em 2016 a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ – selecionou o livro “A Bola” para o Acervo Básico FNLIJ.

Ainda no ano de 2016, foi finalista do prêmio Jabuti com o livro “Soltando o Som”.

Michele ainda tem livros de poesia para crianças, como “Céu Na Calçada” e “Verlendas”. Livros de aventuras como “O Invencível Antônio e Seu Cavalinho de Pau”, “A Nuvem que Não Queria Chover”, entre outros".

sexta-feira, 1 de março de 2024

Holda - 1993

Aproveitando a onda de misticismo e a moda dos gnomos ocorrida entre o final da década de 1980 e o início da de 1990, Heloísa Galves criou todo um universo de seres elementais como bruxas, sereias e duendes partir de 1989. 

Produzindo bonecos e toda sorte de produtos, criou também uma série de tiras da bruxinha Holda, carro chefe de todo esse mundo mágico, que foram publicadas em revistas e jornais, tudo sob a marca Alemdalenda.

Heloísa trabalhou em parceria com vários ilustradores, entre eles Alexandre Rampazo.

Heloísa Galves é autora e ilustradora de livros infantis e ocultismo pela Melhoramentos, Global, Abril Jovem, Maltese, Outras Palavras e Alemdalenda Editorial. É também consultora editorial da Editora Gaia.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Manco Capac - 1976

Quando a editora Noblet lançou a segunda edição de Mister No as revistas eram praticamente idênticas às da primeira edição com uma pequena diferença, ao invés de terem as 100 páginas da edição anterior, tinham 84. Não há informações de data de lançamento em nenhuma das duas edições, mas geralmente os sites sobre quadrinhos indicam 1976 para a primeira edição e 1982 para a segunda!

A boa notícia é que essas páginas extras da primeira edição foram ocupadas pela história Manco Capac com desenhos de Roberto Kussumoto e texto de Ataíde Braz, dupla que produziu centenas páginas de quadrinhos, sendo este, talvez, o primeiro trabalho publicado pelos dois autores.

Sobre a data de publicação o próprio Kussumoto esclarece: "1976 foi o ano que estudamos no Senac, eu e o Ataíde. No final do curso a classe ficou de apresentar algum trabalho referente sobre qualquer tema. Foi quando Ataíde propôs fazermos uma HQ, e surgiu o Manco Capac. 

Quanto ao Manco Capac que foi publicado na revista Mister No, pegamos esse projeto do curso e o refizemos. Acredito que não seja 1976, mas não sei precisar a data da produção desse material, mas foi um trabalho feito às pressas e é uma arte de qual não gosto do resultado final".

O pesquisador mineiro Edgard Guimarães ajuda a dar uma luz a essas datas: "Sempre achei que a coleção de Mister No de 100 páginas fosse a primeira. Por uma questão de lógica. É mais lógico que uma editora pequena queira ganhar mais uns trocados reeditando um material que já tenha pronto diminuindo o número de páginas e publicando menos números (só 6) do que lançar nova coleção aumentando o número de páginas com nova série e publicando mais dois números (foi até o 8), sendo que provavelmente não tinha mais licença da Bonelli para publicar novo material.

Eu não tenho nenhuma informação confiável sobre as datas de lançamento das duas coleções. Apenas o preço impresso na capa.  
A série com 100 páginas custou de Cr$ 12,00 (o número 1) a Cr$ 14,00 (o número 8). A  moeda Cruzeiro (com centavo) vigorou no Brasil entre maio de 1970 e agosto de 1984.
A série com 84 páginas custou de Cr$ 3.000 (o número 1) a Cr$ 5.000 (o número 6). A moeda Cruzeiro (sem centavo) vigorou no Brasil entre agosto de 1984 até fevereiro de 1986.
Portanto a série com 84 páginas é posterior e foi lançada entre 1984 e 1986. A série com 100 páginas foi lançada em algum período entre 1970 e 1984, mas não muito próximo de 1984, pois os preços ainda não estão muito altos. Se o Kussumoto diz que não foi em 1976, então foi pouco depois, enquanto o preço da revista em Cruzeiros ainda não estava muito alto".

No enredo, um avião comercial cai nas selvas amazônicas. Um grupo de quatro jovens sobreviventes, Juan, Carlos, Ana e Márcia, se embrenha pela mata procurando por socorro mas são encontrados por um grupo de antigos incas. Levados ao chefe da tribo, Manco Capac, os nossos heróis são aprisionados. Mas Manco Capac na verdade é um homem civilizado que atingiu uma posição privilegiadas junto às tribos locais. Em meio a intrigas palacianas, o casamento proibido de Capac com a linda amazona Acálya e lutas pelo poder, nossos heróis passam a tentar escapar e voltar à civilização.

Não fica claro se se tratam de tribos incas esquecidas pelo tempo ou se o avião ao cair atravessou um vórtice do tempo indo parar no século XVI. Infelizmente, após seis episódios distribuídos pelos oito números da revista, a série é interrompida deixando várias dúvidas no ar.

Para saber mais sobre Roberto Kussumoto clique aqui.

Sobre o roteirista: Ataíde Braz (Pernambuco, 26 de agosto de 1955) começou sua carreira em 1978 na editora Vecchi, onde trabalhou na revista Spektro, em parceria com o desenhista Roberto Kussomoto. A dupla passou a colabora com a Grafipar de Curitiba, onde Ataíde escreveu diversos roteiros de quadrinhos.

Após o encerramento das atividades da Grafipar, Ataíde Braz voltou a São Paulo, onde trabalhou com a editora Nova Sampa. Lá, editou quadrinhos eróticos e de terror. Em 1983, casou-se com a ilustradora Neide Harue. Em 1985, lançou a série em estilo mangá "Drácula A Sombra da Noite", ilustrada por Neide Harue, inspirada em Drácula de Bram Stoker, a série foi encerrada em 1987 com a publicação de O Retorno de Drácula - Vampiro no Ragtime" Logo em seguida, o casal produziu Skorpion - Arma Mortal para a Imprima Comunicação.

Em 1989, pela EBAL roteirizou histórias baseadas nas séries japonesas de tokusatsu Jaspion e Changeman com desenhos de Roberto Kussumoto, Neide Harue e Edson Kohatsu.

Nos anos 1990, escreveu quadrinhos para editoras da Bélgica, França e Holanda através da agência belga Commu, da qual também foi coordenador da filial brasileira. Na Abril Jovem, roteirizou uma história do anime Zillion com desenhos de Roberto Kussumoto.

Em 1994, lançou uma de suas principais obras, Mulher-Diaba no Rastro de Lampião, desenhada por Flavio Colin, que mistura ficção e realidade. No ano seguinte, esse trabalho ganhou o Prêmio Ângelo Agostini de melhor lançamento e o Troféu HQ Mix de melhor graphic novel nacional.

Em 2013, publicou o livro Velozes e Vorazes, com capa de Arthur Garcia e Flavio Soares e arte interna por Mozart Couto, publicado pela Editora Minuano.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Manda Chuva - 1985

Em junho de 1985, Franco de Rosa publicou no jornal Folha da Tarde (SP) uma charge caracterizando o então presidente José Sarney como o gato Manda Chuva, personagem dos estúdios Hanna-Barbera. O editores se entusiasmaram com a ideia e pediram a ele, e também aos cartunistas Novaes e Nicoliélo, algumas tiras com cunho político baseada na famosa série de TV.

Em colaboração mútua os três autores começaram a bolar a tirinha diária e a satirizar todos os personagens da política nacional daquele período por meio da Turma do Manda Chuva. Assim tivemos José Sarney como Manda Chuva; Antônio Carlos Magalhães como Batatinha; Ulisses Guimarães como Guarda Belo; Gênio como Dornelles; e várias criações do trio como o Gatuf (Paulo Maluf); Gazola (Leonel Brizola); Frajola (Jânio Quadros); Juca Pato (Fernando Henrique Cardoso); Gatarazzo (Eduardo Suplicy); Gatayad (João Sayad); Soneca (Franco Montoro); um cão velho (Ernesto Geisel) e um gato misterioso (Freitas Nobre).

Apesar da boa repercussão a série parou depois de apenas um mês. O representante da Hanna-Barbera no Brasil, já escaldada com várias sátiras eróticas publicadas por pequenas editoras de quadrinhos como a Nova Sampa, reclamou sobre o uso de seus personagens, por isso, houve uma reunião com os editores da Folha da Tarde, e o representante da HB só concordaria que a série continuasse se o jornal publicasse uma tira diária dos estúdios HB ao preço de 100 dólares por semana, um preço muito muito alto para a época, e a direção da Folha da Tarde pediu o cancelamento da Turma do Manda Chuva.

Um final infeliz para uma ideia bastante feliz, mas Novaes não se deu por vencido e partiu para uma nova empreitada, desta vez caracterizando José Sarney como Sir Ney (conheça aqui)!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Meia Lua - 1974

Embora com um nome bastante poético, Meia Lua é uma divertidíssima sátira aos super-heróis criada por Paulo Paiva (1957-2021) para o concurso de novos talentos promovido pela revista Gibi Semanal em 1974. Apresentada no número 23 da publicação, a série, infelizmente, não teve continuidade, mostrando que o Gibi perdeu uma grande oportunidade de cultivar um ótimo material.

A série foi apresentada sem título, apenas com o nome do autor, como várias outras, mas pudemos recuperar o nome do personagem graças ao auxílio de Suely Furukawa, esposa de Paulo.

Com o traço sintético típico do autor e inovações gráficas na divisão dos quadrinhos, Meia Lua tinha tudo para deixar sua marca na história de nossos quadrinhos.

Para saber mais sobre Paiva clique aqui e aqui.

Acima, o Capitão Mumunha, outra sátira aos super-heróis produzida por Paulo Paiva.